Artigo em parceria com a National Geographic Portugal
“Equipa portuguesa descobre outra ʻTerraʼ e encontra indícios de existência de vida”. Este título parece tirado de um livro de ficção científica, mas não se surpreenda se lhe disser que não estamos assim tão longe de o tornar realidade.
Por Nuno C. Santos1
Como podemos descobrir um planeta que está tão longe, fora do Sistema Solar, a orbitar uma outra estrela? E como podemos saber se é parecido com a Terra? Com que espécie de balança podemos, por exemplo, medir a massa de um astro que é apenas um grão de areia em órbita de uma estrela tão longínqua? Este parece ser um desafio demasiado ambicioso se nos recordarmos que as estrelas estão a biliões de quilómetros de nós, e que a única coisa que podemos ambicionar receber delas é a sua tímida luz. Mas é para isso que astrofísicos portugueses têm estado a trabalhar, utilizando os melhores instrumentos do mundo.
Uma dança de par
Para abordar este desafio, os cientistas cedo perceberam que, usando as leis da física, seria possível captar os ténues indícios da presença de planetas em órbita de estrelas na nossa vizinhança galáctica. O princípio é relativamente “simples”, mas exige deixar de lado algumas aproximações a que estamos habituados. Ao contrário do que se costuma dizer, a Terra não anda à volta do Sol. “Não? Então… mas o que quer isso dizer?” Calma! A verdade é que qualquer corpo que tenha massa (a Terra, ou o Sol), é capaz de atrair, pela força da gravidade, outros corpos. Assim, o Sol atrai a Terra, mas a Terra também atrai o Sol. Portanto, o Sol não é indiferente à influência da gravidade da Terra e, tal como a Terra, não está parado, mas ambos giram à volta um do outro.
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- Nuno C. Santos, é investigador no Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e Professor Auxiliar no Departamento de Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP). Em 2004, foi o autor principal do artigo onde se publicou a descoberta do primeiro planeta potencialmente rochoso a orbitar outra estrela. É o investigador responsável em Portugal pelos projetos ESPRESSO e HIRES@ELT (ESO), e pelas missões espaciais CHEOPS e PLATO (ESA).