Descortinar novas Terras por entre o “ruído” das estrelas

Representação artística de um exoplaneta em órbita de uma estrela.

Representação artística de um exoplaneta em órbita de uma estrela. Créditos: ESO/L. Calçada (modificado)

Descobrir planetas em órbita de outras estrelas implica detetar, indiretamente, os efeitos que estes provocam na sua estrela. Quando se procura planetas tão pequenos como a Terra, esses efeitos podem diluir-se no “ruído” da atividade estelar, criado por manchas estelares ou zonas de alto brilho. Esta atividade pode mesmo imitar a presença de um ou mais planetas, que de facto não existem.

Uma discordância sobre a existência de planetas à volta da estrela HD 41248, na constelação do Pintor, do hemisfério celeste sul, foi agora resolvida com os primeiros dados obtidos pelo espectrógrafo ESPRESSO1. Um estudo, a ser publicado pela revista científica Astronomy & Astrophysics e liderado por João Faria, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), e com a participação de mais doze investigadores do IA, concluiu que o que parecia ser o sinal de dois planetas em órbita, é muito provavelmente atividade da própria estrela.

“O nosso trabalho demonstra que detetar pequenos planetas, até mesmo maiores do que a Terra, não é uma tarefa fácil. A contaminação causada pela própria estrela tem que ser tida em conta e corrigida”, comenta João Faria. “Este vai ser de certeza um passo necessário para a deteção de um planeta como a Terra, e este estudo é o primeiro avanço na utilização do ESPRESSO para esse objetivo.”

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Notas:

  1. O espectrógrafo ESPRESSO é um instrumento de alta resolução que irá permitir descobrir exoplanetas semelhantes à Terra. O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) teve uma forte participação no consórcio, e por isso terá acesso privilegiado à exploração científica deste instrumento. O ESPRESSO será também a ferramenta mais potente no mundo para verificar se as constantes físicas da Natureza se alteraram desde que o Universo era jovem, tal como preveem algumas teorias fundamentais da Física.