Colisões gigantes entre planetas poderão estar na origem de algumas propriedades do Sistema Solar, como a composição de Mercúrio ou até a formação da Lua. Surgem agora evidências de que tais impactos poderão ter ocorrido também noutros sistemas estelares.
Uma equipa internacional de que faz parte Pedro Figueira, do Observatório Europeu do Sul (ESO) e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), caracterizou os planetas que orbitam a estrela Kepler-107a.
Dois deles têm tamanhos quase idênticos mas densidades muito diferentes, o que se poderá atribuir a um impacto gigante ocorrido na história deste sistema exoplanetário. Os resultados foram publicados1 a 4 de fevereiro na revista Nature Astronomy.
“Se, com base nos modelos atuais de formação planetária, supusermos que estes planetas nasceram com propriedades muito mais semelhantes entre si do que aquelas que apresentam hoje, temos fortes indicações de que as diferenças entre eles se devem a diferentes percursos evolutivos”, diz Pedro Figueira.
Os dois planetas rochosos que orbitam mais próximo da estrela Kepler-107a têm ambos cerca de uma vez e meia o diâmetro da Terra, mas, enquanto que Kepler-107b tem uma densidade próxima da do nosso planeta, o que sugere uma composição semelhante, o seu companheiro Kepler-107c tem mais do dobro da massa e da densidade daquele.
Tal indica uma composição interna similar à de Mercúrio, com o núcleo de ferro perfazendo cerca de 70% da sua massa total.
Notas:
- O artigo “A giant impact as the likely origin of different twins in the Kepler-107 exoplanet system”, por Aldo S. Bonomo et al., foi publicado online a 4 de fevereiro de 2019 na revista científica Nature Astronomy (DOI:10.1038/s41550-018-0684-9).