Que nome português gostaria de associar à descoberta de outra “Terra”?

Conceção artística do observatório PLATO

Conceção artística do observatório PLATO, que a partir de 2026 ajudará a procurar planetas semelhantes à Terra em órbita de estrelas semelhantes ao Sol.
Créditos: ESA/ATG medialab (observatório) e ESO/L. Calçada (estrela em fundo)

Numa família de 26 estará um nome da astronomia em Portugal. E ficará a um milhão e meio de quilómetros da Terra à procura de outro mundo parecido com o nosso planeta. Que nome será esse?

Atualização
O nome mais votado foi Francisco de Miranda da Costa Lobo, e é provável que a Agência Espacial Europeia (ESA) o escolha efetivamente como um dos nomes a ser gravado numa das câmaras telescópicas da nave.

Para o escolhermos, contamos com a sua ajuda. O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) deverá propor à Agência Espacial Europeia (ESA) o nome a atribuir a uma das 26 câmaras telescópicas que fazem parte do observatório PLATO, uma missão espacial em que Portugal está ativamente envolvido – na ciência, na engenharia e no processamento das observações.

Câmaras do PLATO
Câmaras do PLATO. Uma delas terá como identificação um nome português.

Créditos: ESA/ATG medialab

A missão PLATO, da Agência Espacial Europeia (ESA), será lançada em 2026 e irá tentar responder à pergunta: Quantos planetas parecidos com a Terra poderão existir na nossa galáxia?

Tem por objetivo detetar planetas semelhantes ao nosso, em tamanho, densidade e distância à estrela, em órbita de milhares de estrelas parecidas com o Sol. Os dados obtidos ajudarão a avaliar se os planetas descobertos têm condições para o aparecimento de vida.

O nome português atribuído será a identificação dessa câmara durante o tempo de vida da missão no espaço, como forma de honrar astrónomos que prepararam a ciência que a missão PLATO irá permitir avançar.

O nome terá de ser o de alguém que tenha nascido em algum lugar dentro das atuais fronteiras do território português, tenha contribuído para a astronomia no nosso país, sobretudo para o estudo de estrelas e sistemas planetários, e não poderá ser uma pessoa ainda viva.

Com estes critérios selecionámos cinco personalidades, que apresentamos nesta página com uma breve descrição e listadas segundo o ano de nascimento. No final da página pedimos-lhe a sua votação.


Qual destes nomes sugere? Clique sobre cada nome para ler uma breve biografia. Pode votar até às 23:59 de 14 de julho (hora de Portugal Continental) – formulário de votação ao fundo da página.

Teodoro de Almeida (1722 – 1804)
Recreação Filosófica ou Dialogo sobre a Filosofia Natural, para instrução de pessoas curiosas, que não frequentarão as aulas
Tomo 6 da obra “Recreação Filosófica ou Dialogo sobre a Filosofia Natural”, de Teodoro de Almeida, livro em que divulga o conhecimento da época sobre os céus. (Clique sobre a imagem para aceder à versão digital).

Nascido em Lisboa, Teodoro de Almeida foi um ativo divulgador das ciências. Em 1751 começou a publicar a sua obra de divulgação intitulada “Recreasão Filozofica”, que ao longo da sua vida completaria dez volumes e que era destinada à “instrução de pessoas curiosas”. Associava a instrução à recreação, utilizava como veículo de divulgação o português, em vez do latim, e era dirigida às pessoas que não tinham acesso às aulas académicas nos colégios.A filosofia natural apresentada por Almeida na sua obra abordava o conhecimento da época sobre os céus, os astros, o movimento, os ventos e as marés, entre outros, numa abordagem quase enciclopédica. A obra foi várias vezes reimpressa e foi traduzida para castelhano e francês.

Em 1757, Almeida foi coautor de um artigo sobre o eclipse lunar de fevereiro desse ano e que publicou nas Philosophical Transactions of the Royal Society. Um outro artigo, sobre a observação do trânsito de Vénus de 1761, foi publicado nas Mémoires de Mathématique et Physique, Presentés à l’Académie Royal des Sciences, em 1774. Foi um dos fundadores da Real Academia das Ciências de Lisboa.

Fonte: Silva, José Alberto; “Almeida, Teodoro de” in Biografias de Cientistas, Engenheiros e Médicos Portugueses; Centro Universitário de História das Ciências e da Tecnologia; https://dicionario.ciuhct.org/xv/almeida-teodoro-de/ (acedido em 2022-07-04)

José Monteiro da Rocha (1734-1819)

Nasceu em Canavezes. Foi matemático e astrónomo. Em 1782, apresentou à Academia Real das Ciências de Lisboa a sua “Memória sobre a determinação das órbitas dos cometas”. O astrónomo alemão Heinrich Olbers propôs a resolução deste mesmo problema em 1787, com um método semelhante ao de Monteiro, mas a obra do astrónomo português só foi publicada em 1799, perdendo a primazia.

Cometa McNaught, visto em 2007
Cometa McNaught, visto em 2007
Créditos: ESA

Foi responsável por organizar a nova Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra e em 1783 passou a reger a cadeira de Astronomia desta faculdade. Em 1795 foi nomeado diretor do Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra, inaugurado quatro anos depois.

Fonte: Reis, Fernando; “José Monteiro da Rocha” in Ciência em Portugal-Personagens e Episódios; Centro Virtual Camões; http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/p5.html (acedido em 2022-07-04)

Campos Rodrigues (1836-1919)

César Augusto de Campos Rodrigues nasceu em Lisboa. Em 1869 entrou para o Real Observatório Astronómico de Lisboa, do qual foi nomeado diretor em 1890. Este observatório participou na campanha de observação do asteroide Eros, em 1900 e 1901, campanha que viria a melhorar a determinação da distância média entre a Terra e o Sol, um valor fundamental para a astronomia e hoje designado por Unidade Astronómica. Nesta campanha participaram 50 observatórios de todo o mundo. De entre as treze instituições encarregues da determinação de pontos de referência para a posição de Eros, o Observatório de Lisboa produziu o maior número de observações (3800) e também as que tiveram os menores erros associados. Em 1904, um júri da Academia das Ciências de Paris atribuiu a Campos Rodrigues o prémio Valz, destinado a galardoar trabalhos no domínio da astronomia.

O asteroide Eros tem uma órbita que o aproxima bastante da Terra.
O asteroide Eros tem uma órbita que o aproxima bastante da Terra.
Créditos: NASA

Em 1908 foi instalado um Lourenço Marques (atual Maputo), Moçambique, o Observatório Campos Rodrigues, assim designado em sua homenagem. O astrónomo norte-americano Lewis Boss, na primeira edição do seu catálogo de estrelas, em 1910, classificou como «o melhor trabalho alguma vez feito» o conjunto de observações de Campos Rodrigues e do Observatório de Lisboa, de entre as numerosas observações dos mais importantes observatórios astrométricos da época que Boss utilizou na elaboração do catálogo.

Fontes:
Tirapicos, Luís; “Campos Rodrigues” in Ciência em Portugal-Personagens e Episódios; Centro Virtual Camões; http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/p53.html (acedido em 2022-07-04)
Raposo, Pedro (adaptado por Ana Simões); “Campos Rodrigues, César Augusto de” in Biografias de Cientistas, Engenheiros e Médicos Portugueses; Centro Universitário de História das Ciências e da Tecnologia; https://dicionario.ciuhct.org/cientistas/xvi/campos-rodrigues-cesar-augusto-de/ (acedido em 2022-07-04)

Francisco de Miranda da Costa Lobo (1864-1945)

Nasceu em Vinhais. Pioneiro em Portugal no domínio da física do Sol, foi também pioneiro a nível internacional em cinematografia e espectrografia solares. Introduziu no nosso país, em 1925, o estudo da disciplina de Astrofísica.

Neste contexto, promoveu a aquisição do único espectroheliógrafo em Portugal, à época um dos mais avançados no mundo.Com este instrumento foi possível obter imagens das manchas e protuberâncias solares a partir do Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra, do qual Costa Lobo foi diretor. Essas imagens foram mais tarde integradas em publicações da União Astronómica Internacional. O espectroheliógrafo português e o de Paris são os dois únicos no mundo ainda hoje a funcionar.

Costa Lobo foi também o primeiro cientista português a referir-se à Teoria da Relatividade de Einstein, opondo-se no entanto a ela e continuando a defender a lei da gravitação universal, de Newton. Foi membro ativo na União Astronómica Internacional.

Fontes:
Leonardo, A. José F.; Martins, Décio R.; Fiolhais, Carlos; “A Física na Universidade de Coimbra de 1900 a 1960” in Gazeta de Física; Sociedade Portuguesa de Física, Vol.34, Nº 2; https://www.spf.pt/magazines/GFIS/107/article/801/pdf (acedido em 2022-07-04)
Aguiar, António Mota de; “OS ESTUDOS DE ASTRONOMIA EM PORTUGAL DE 1850 A 1950”; Dissertação de Doutoramento em História da Ciência; Universidade Nova de Lisboa; novembro de 2009; https://run.unl.pt/bitstream/10362/5108/1/antonio%20aguiar.pdf (acedido em 2022-07-04)
Stratton, F. J. M.; “Francisco Miranda Da Costa Lobo, Obituary Notice” in Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, Vol. 106, Nº 1, fevereiro de 1946, pág. 41; https://academic.oup.com/mnras/article/106/1/41/2603436?login=true; (acedido em 2022-07-05)

Manuel de Barros (1908-1971)

Manuel Gonçalves Pereira de Barros nasceu em Esposende. Fundou e dirigiu o Observatório Astronómico edificado em Vila Nova de Gaia, e que hoje tem o seu nome. Aqui se empenhou-se no desenvolvimento tecnológico do Círculo Meridiano de Espelho, inaugurado em 1957 e à época um dos poucos do género a nível mundial utilizados para determinar a hora por técnicas astronómicas.

O círculo meridiano de espelho do Observatório Astronómico Prof. Manuel de Barros (Vila Nova de Gaia)
O círculo meridiano de espelho do Observatório Astronómico Prof. Manuel de Barros (Vila Nova de Gaia)

Colaborou também com diversos observatórios astronómicos, nomeadamente o de Greenwich, onde estagiou em 1946, o de Pulkovo e o de Ottawa, onde trabalhou em setembro de 1961. Contribuiu para o estudo da Astrofísica em Portugal, tendo criado na Universidade do Porto um curso neste domínio.

Fonte: Universidade do Porto; “Manuel de Barros” in Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto; Universidade do Porto; https://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?p_pagina=antigos%20estudantes%20ilustres%20-%20manuel%20de%20barros (acedido em 2022-07-05)


Votação ativa só até às 23:59 de 14 de julho (hora de Portugal Continental).

O prazo desta votação terminou. Obrigado.

Nota: A personalidade mais votada será ponderada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) na sua decisão sobre o nome a propor à Agência Espacial Europeia (ESA), não sendo o resultado da votação vinculativo para o IA. A proposta do IA também não é vinculativa para a ESA, que se reserva o direito de decidir a atribuição final (que terá de ter em conta todas as propostas recebidas por parte dos vários países envolvidos na missão PLATO).

 

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