A mais detalhada imagem do material envolvendo dois buracos negros supermassivos numa galáxia em processo de fusão foi obtida com a colaboração de um investigador atualmente do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).
Os astrónomos pensam que a colisão entre galáxias tem um papel fundamental na história da evolução destes enormes aglomerados de estrelas, gás e poeira. A fusão de galáxias, ao perturbar o movimento do gás de que são constituídas, provoca a produção de muitas novas estrelas num curto espaço de tempo, e aumenta a massa dos buracos negros supermassivos que existem nos seus centros.
Para compreender este processo, é necessário conhecer em detalhe como se desenrola a aproximação e colisão futura dos buracos negros supermassivos no núcleo das galáxias originais. O gás frio e a poeira na galáxia NGC 6240, a 400 milhões de anos-luz, na constelação de Ofiúco, foi estudado1 por uma equipa internacional, de que faz parte Hugo Messias, atualmente investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), e que participou na obtenção da primeira imagem de um buraco negro divulgada pelo projeto Event Horizon Telescope em abril de 2019.
“Este gás permite-nos estimar o crescimento no futuro próximo dos dois buracos negros supermassivos”, diz Hugo Messias, na altura membro do Observatório ALMA e que contribuiu para a criação da imagem e a interpretação dos dados. “Igualmente interessante é saber como é que o conjunto se está a mover. Podemos identificar componentes de gás a alta velocidade, fruto de explosões por exemplo, ou bolhas de gás.”
Notas:
- O artigo “The Molecular Gas in the NGC 6240 Merging Galaxy System at the Highest Spatial Resolution” foi aceite para publicação na revista científica The Astrophysical Journal, e o artigo “How to Fuel an AGN: Mapping Circumnuclear Gas in NGC 6240 with ALMA” foi publicado na revista científica The Astrophysical Journal Letters.