A dispersão de luz laser na atmosfera permite medir a exatidão de espectrógrafos astronómicos, segundo uma técnica demonstrada pela primeira vez e com a participação de investigadores do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).
A procura de exoplanetas passará ao próximo nível com a deteção e caracterização de planetas semelhantes à Terra. Um novo instrumento nesta demanda é o espectrógrafo ESPRESSO1. Com mão portuguesa, está instalado num dos melhores telescópios do mundo, o Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile. Permitirá detetar na luz das estrelas os ténues efeitos induzidos por planetas tão pequenos como a Terra.
Um dos efeitos da presença de exoplanetas é a alteração do movimento da estrela. Por isso, o ESPRESSO terá de medir a velocidade do movimento das estrelas com desvios em relação ao valor real não superiores a dez metros por segundo. Foi agora descoberta uma técnica alternativa capaz de calibrar os dados deste espectrógrafo de forma a atingir uma tal exatidão.
A técnica utiliza um sistema já existente no VLT, embora criado para outros fins, e é anunciada num artigo publicado na Physical Review Letters, fruto de um estudo liderado por Frédéric Vogt, do ESO, com a participação de Pedro Figueira, do ESO e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), e de Alexandre Cabral, do IA e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).
“Esta é a primeira vez que este método é proposto e demonstrado”, afirma Frédéric Vogt, do ESO e primeiro autor do artigo. “O ESPRESSO é um espectrógrafo de última geração, com uma precisão e exatidão inéditas, e por isso é ideal para demonstrar o potencial desta nova técnica complementar de calibração.”
NOTAS:
- O espectrógrafo ESPRESSO é um instrumento de alta resolução que irá permitir descobrir exoplanetas semelhantes à Terra. O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) teve uma forte participação no consórcio, e por isso terá acesso privilegiado à exploração científica deste instrumento. O ESPRESSO será também a ferramenta mais potente no mundo para verificar se as constantes físicas da Natureza se alteraram desde que o Universo era jovem, tal como preveem algumas teorias fundamentais da Física.