O desenvolvimento do mega projeto Square Kilometer Array (SKA), o maior radiotelescópio da próxima geração, com uma parte a ser construída na África do Sul, catalisou o desenvolvimento da investigação em astrofísica na região da África Subsariana. Num esforço para acelerar as atividades de investigação nos Institutos e Universidades desta região, tornou-se necessário fomentar o contacto dos estudantes com peritos em diferentes áreas da astrofísica.
Assim surgiu a Escola de Verão em Astronomia da África Subsariana (Sub-Saharan Africa Astronomy Summer School – SSAASS), uma escola avançada para estudantes de mestrado e doutoramento, realizada no Uganda. Esta escola, principalmente focada nas áreas das galáxias, exoplanetas e astrofísica estelar, foi coorganizada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), em conjunto com outras instituições de renome, como o Instituto Max Planck para a Astrofísica (MPA), o Observatório Estadual da Turíngia Tautenburg (TLS) ou a Universidade Mbarara de Ciência e Tecnologia (MUST).
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Um dos organizadores locais foi o colaborador do IA Benard Nsamba, antigo aluno de doutoramento no IA e no Dep. de Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (DFA–FCUP). Ele comenta: “Escolas internacionais como a SSAASS fornecem uma plataforma para os peritos partilharem técnicas e métodos de última geração nas suas áreas. Por sua vez, é também uma rara oportunidade para os estudantes da África Subsariana poderem estabelecer parcerias com estes peritos internacionais”.
A Escola decorreu no Uganda, entre os dias 19 e 30 de setembro, e entre os peritos convidados contou com a presença dos investigadores do IA Nuno Cardoso Santos e Tiago Campante (IA & DFA-FCUP), com o investigador do IA João Faria como membro do conselho científico da SSAASS.
“Esta foi uma experiência verdadeiramente enriquecedora, tanto a nível profissional como pessoal.”
Tiago Campante
Tiago Campante comenta: “Durante a Escola, tive o prazer de interagir com um grupo muito diverso de cerca de 30 estudantes em representação de 14 nações africanas, todos eles comungando da mesma vontade de aprender e estabelecer novas colaborações. Vejo a participação do IA em eventos desta natureza como o cumprir de um dever social, na medida em que leva o conhecimento de ponta para além das fronteiras nacionais e, no presente caso, até uma das zonas menos favorecidas do globo.”
Nsamba, atualmente um Branco Weiss fellow, a trabalhar entre o Instituto Max Planck para a Astrofísica (MPA), na Alemanha e a Universidade de Kyambogo (KyU), no Uganda, acrescenta: “O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço é um dos institutos que se envolveu nas atividades da SSAASS, sendo um dos principais impulsionadores deste desenvolvimento da investigação em astrofísica no Uganda”.
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Os peritos ainda participaram em várias atividades de divulgação junto das escolas locais do ensino secundário. Nuno Santos comenta: “A participação e apoio do IA para esta escola avançada tem uma enorme importância, tendo aberto portas para uma colaboração mais estreita com a comunidade científica Africana. Além de contribuir para o desenvolvimento da ciência, estamos também a fomentar a cultura científica em países com pouca tradição na área: uma intervenção com forte caráter social”.