O projeto SKIES, que conta com a participação do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), teve início este mês.
Estima-se que apenas dez por cento dos doutorados permaneça na academia, com os restantes a encontrarem novas oportunidades nos setores público e privado. É por isso essencial que os conhecimentos e competências adquiridos durante a sua formação sejam transferidos de forma eficaz para o mercado de trabalho empresarial e para a sociedade.
SKIES (SKilled, Innovative and Entrepreneurial Scientists) é um projeto com financiamento europeu do Programa Horizonte 2020 que pretende fornecer a estudantes de doutoramento e jovens investigadores doutorados na área da astronomia um conjunto de competências ao nível da Ciência Aberta, inovação e empreendedorismo. O projeto, que começou a 1 de março e terá a duração de 18 meses, envolve cinco países, incluindo Portugal, onde é coordenado pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).
A investigação em astronomia caracteriza-se por ser aberta, colaborativa e internacional, formando os estudantes em domínios muito diversos, desde a análise teórica à ciência de dados e observacional. Porém, a sua empregabilidade dentro e fora da academia pode ser ampliada através de especializações que vão além dos programas académicos tradicionais. O projeto SKIES, através de parceiros na academia e indústria, irá complementar o treino académico com o desenvolvimento de módulos de formação em Ciência Aberta, Investigação e Inovação Responsáveis (RRI), inovação e empreendedorismo, além de um programa de gestão de carreira e mentoria.
Os módulos de formação serão desenvolvidos pelo Gabinete Europeu de Astronomia para o Desenvolvimento da União Astronómica Internacional (IAU E-ROAD), sediado na Universidade de Leiden, em colaboração com o Centro Erasmus para o Empreendedorismo, a Stichting dotSPACE e as instituições parceiras de ensino superior e investigação em astronomia dos cinco países envolvidos.
SKIES será implementado na África do Sul, Alemanha, Países Baixos, Polónia e Portugal, alcançando 500 estudantes e jovens investigadores, dos quais cerca de 40 em Portugal. Inclui também um programa de formação de formadores, que irá capacitar equipas em cada país parceiro com o conhecimento e ferramentas necessários para continuar o programa para além da duração do SKIES. Os recursos da formação serão disponibilizados online num mOOC (mini Online Open Course) para apoiar os parceiros, mas também outras organizações que pretendam implementar o programa.
“Este projeto vem reforçar o trabalho já realizado no âmbito dos programas de doutoramento existentes, em colaboração com o IA, para oferecer formação complementar aos doutorandos”.
Nuno Cardoso Santos, investigador do IA e diretor do programa de Doutoramento em Astronomia na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP)
De acordo com José Afonso, coordenador do IA e responsável pelo programa de Doutoramento em Astronomia e Astrofísica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa), “o projeto contribuirá para Programas Doutorais já existentes, não só trabalhando diretamente com estudantes de Doutoramento e investigadores jovens, capacitando-os para um ainda maior contributo para a sociedade e a economia, na academia e fora dela, mas também contribuindo para o desenvolvimento de práticas de ensino que possam perdurar muito para além da vida do projeto”.
O projeto SKIES aspira a contribuir para os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas formando gerações de astrónomos que irão beneficiar a sociedade e a economia conduzindo investigação e inovação abertas e responsáveis.
Contactos
José Afonso, Nuno Santos
Grupo de Comunicação de Ciência
Catarina Leote; Ricardo Cardoso Reis; João Retrê (coordenação, Lisboa); Filipe Pires (coordenação, Porto)