Desvendando as escalas de tempo de formação dos núcleos galácticos

Imagem da galáxia espiral NGC 5468, situada a 130 milhões de anos-luz de distância.

Imagem da galáxia espiral NGC 5468, situada a 130 milhões de anos-luz de distância. Crédito: ESA/Hubble & NASA, A. Riess et al.

Recorrendo a Unidades de Campo Integral para Espectroscopia 3D (IFS1) do rastreio CALIFA2, investigadores do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) obtiveram um importante resultado acerca da natureza e formação do núcleo das galáxias espirais, como a Via Láctea. O resultado foi publicado no último número da revista Astronomy & Astrophysics.

O projeto precisou de vários anos e bastante poder computacional, para analisar aproximadamente meio milhão de espectros provenientes de uma amostra com todos os tipos de galáxias espirais. A equipa conseguiu medir, pela primeira vez, a variação da idade das estrelas, do centro para a periferia do núcleo galáctico e perceber como é que essa variação se relaciona com outras propriedades da galáxia, como a existência de núcleos ativos de galáxias3 (sigla AGN, em inglês) ou a massa total de estrelas da galáxia.

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Notas

  1. Em Unidades de campo integral para espectroscopia 3D (Integral Field Unit spectroscopy – IFS), o sinal de cada pixel do detetor é enviado para um espectrógrafo, que gera um espectro, o que permite o registo simultâneo de milhares de espectros por galáxia, produzindo assim uma visão tridimensional das estrelas e gás ionizado de cada galáxia.
  2. O projeto CALIFA (Calar Alto Integral Field Area Survey, ou pesquisa com unidades de campo integral de Calar Alto), foi concebido pelo Instituto de Astrofísica de Andalucía (IAA-CSIC) e está em curso no observatório de Calar Alto (Almeria, Espanha), com o telescópio refletor de 3,5 metros. Usa unidades de campo integral para espectroscopia 3D (Integral Field Unit spectroscopy – IFU). O projeto CALIFA é o primeiro rastreio IFU a disponibilizar publicamente os seus dados.
  3. Pensa-se que existam Buracos Negros Super Massivos no centro de todas as grandes galáxias. Normalmente estes buracos negros estão inativos, mas se existir material a ser atraído para estes a grande velocidade, os discos de acreção que se formam à volta do buraco negro emitem enormes quantidades de radiação, em todos os comprimentos de onda, formando Núcleos Ativos da Galáxia (sigla AGN em inglês). Os AGN são mais brilhantes do que o resto da galáxia em conjunto.