A primeira abordagem a uma reconstituição tridimensional da circulação atmosférica de Vénus é feita num artigo de revisão de que é coautor Pedro Machado, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).
Este estudo publicado na Geophysical Research Letters reúne dados relativos à velocidade dos ventos e à temperatura atmosférica a diferentes altitudes. Estes dados foram obtidos no intervalo de um mês e de forma independente, por duas missões espaciais, a MESSENGER, da NASA, e a Venus Express, da ESA, e por vários instrumentos no solo. É um importante contributo para que, no futuro, se consiga enfim entender o que originou e mantém a super-rotação1 da atmosfera de Vénus.
1. A super-rotação da atmosfera de Vénus consiste no facto de os ventos paralelos ao equador, ou ventos zonais, serem responsáveis por a atmosfera completar uma volta ao planeta em apenas pouco mais de quatro dias terrestres, ou seja, 60 vezes mais rápido do que o lento período de rotação do globo sólido, que é de 243 dias terrestres. Como consequência, a velocidade normal do vento em relação à superfície ronda os 360 quilómetros por hora.