Um estudo que acompanhou a evolução da atmosfera de Plutão durante quatorze anos, evidencia a sua natureza sazonal, e prevê que agora se começará a condensar na forma de geada.
Este estudo foi publicado na revista Astronomy and Astrophysics e teve a participação de Pedro Machado, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).
Os autores analisaram dados da atmosfera deste planeta anão entre os 5 e os 380 quilómetros de altitude obtidos entre 2002 e 2016. Este período coincidiu com o verão no hemisfério norte de Plutão1, onde predominam os reservatórios de gelo de azoto, que sublimam pela exposição e proximidade ao Sol.
Os dados indicam que a pressão atmosférica à superfície aumentou em cerca de duas vezes e meia desde 1988 até ao seu máximo em 2015, ainda assim cem mil vezes mais ténue do que a pressão atmosférica média ao nível do mar na Terra.
“Cada vez mais olhamos para a atmosfera sazonal de Plutão como uma atividade cometária”, diz Pedro Machado. “Como é um corpo de pequena massa, as moléculas de azoto atingem a velocidade de escape com muita facilidade, e Plutão perde atmosfera, como os cometas.”
Notas:
- Como o eixo de rotação de Plutão é muito inclinado, este roda quase deitado na sua órbita. Isto faz com que exponha permanentemente ao Sol as latitudes setentrionais durante uma fração dos mais de dois séculos que demora a sua volta completa ao Sol. Este tempo coincide também com a passagem pelo ponto da órbita mais perto do Sol (o periélio), que aconteceu em 1989. Plutão tem uma órbita muito excêntrica, variando a sua distância ao Sol entre cerca de 30 e 49 vezes a distância média da Terra ao Sol