A imagem nunca antes vista

A primeira imagem de um buraco negro super-massivo foi obtida pelo projeto internacional Event Horizon Telescope

A primeira imagem de um buraco negro super-massivo foi obtida pelo projeto internacional Event Horizon Telescope, uma colaboração entre oito radiotelescópios espalhados pelos dois hemisférios. Esta é a imagem do buraco negro no centro da galáxia M87. Créditos: EHT Collaboration

A primeira imagem direta de um buraco negro foi divulgada hoje, em sete conferências de imprensa simultâneas, pela iniciativa internacional Event Horizon Telescope (EHT).

Esta é uma colaboração entre oito radiotelescópios espalhados pelo mundo e com um objetivo comum: criar um telescópio virtual do tamanho do planeta Terra capaz de observar a vizinhança imediata de um buraco negro super-massivo1.

O objetivo foi alcançado e neste resultado histórico participou Hugo Messias, membro do observatório ALMA, um dos telescópios envolvidos no projeto EHT, e colaborador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), do qual foi investigador integrado até agosto de 2016.

Observações simultâneas realizadas em abril de 2017 a partir de oito radiotelescópios tão distantes como Havai, Espanha ou Antártida, e cujos dados foram analisados durante dois anos, permitiram reconstituir a primeira imagem da silhueta de luz em torno de um buraco negro com 6,5 mil milhões de vezes a massa do Sol.

Este monstro cósmico encontra-se a 55 milhões de anos-luz da Terra no âmago da maior galáxia do enxame de galáxias da Virgem, designada Messier 87. Esta é a primeira vez que é possível ver o chamado horizonte de acontecimentos2, o limiar daquilo que é possível fisicamente observar de um buraco negro.

“Recentemente assistimos a mais um sucesso das previsões da relatividade geral de Einstein através da deteção de ondas gravitacionais emitidas pela colisão de buracos negros”, diz Hugo Messias. “Agora, estes resultados do projeto EHT comprovam-no a uma escala 300 milhões de vezes maior, nas condições de gravidade extrema perto de buracos negros super-massivos.”

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Notas

  1. Os buracos negros são locais do Universo onde uma enorme quantidade de matéria se encontra concentrada numa região tão compacta que gera um campo gravitacional capas de reter a própria luz. Os buracos negros super-massivos que se acredita existirem no centro da maioria das galáxias, incluindo a nossa Via Láctea, deformam profundamente o espaço-tempo à sua volta e submetem o material envolvente a condições extremas de velocidade e temperatura.
  2. O horizonte de acontecimentos é a superfície em torno de um buraco negro para além da qual quaisquer acontecimentos não poderão afetar o que se passa fora dessa superfície. Tal deve-se ao facto de nada, nem a própria luz, uma vez aí dentro, conseguir escapar para o exterior.