Uma equipa internacional, liderada por Alexandre Santerne do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), levou a cabo uma campanha de 5 anos para medir velocidades radiais1, com o espectrógrafo SOPHIE (Observatory of Haute-Provence, França), e descobriram que 52,3% dos candidatos a exoplanetas gigantes detetados pelo telescópio espacial Kepler (NASA) são na realidade binários de eclipse2, enquanto 2,3% são anãs castanhas3.
Os trânsitos de exoplanetas gigantes podem ser facilmente imitados por falsos positivos, o que torna essencial uma segunda análise espectroscópica, de modo a confirmar a natureza planetária desses trânsitos, e desta forma revelar, por exemplo, sistemas múltiplos.
Notas:
- O Método das Velocidades Radiais deteta exoplanetas medindo pequenas variações na velocidade (radial) da estrela, devidas ao movimento que a órbita desses planetas imprime na estrela. A título de exemplo, a variação de velocidade que o movimento da Terra imprime ao Sol é de apenas 10 cm/s (cerca de 0,36 km/h). Com este método é possível determinar o valor mínimo da massa do planeta.
- Um Binário de Eclipse é um sistema estelar binário, alinhado com a linha de visão do observador. Isto provoca um eclipse, quando a estrela maior passa à frente da mais pequena, e um trânsito, quando a estrela mais pequena cruza o disco da estrela maior. Este trânsito pode ser confundido com o trânsito de um exoplaneta gigante.
- Uma Anã Castanha, por vezes designada por “estrela falhada”, é um objeto sub-estelar, sem massa suficiente para iniciar reações de fusão de hidrogénio no seu núcleo. Estão entre os planetas gigantes gasosos e as estrelas anãs M (também conhecidas como anãs vermelhas). No entanto, o limite que separa os gigantes gasosos e as anãs castanhas é ainda alvo de um debate intenso.