Conferência internacional reúne peritos mundiais em asterossismologia no Porto

Imagem artística da propagação de ondas no interior de uma estrela gigante vermelha. (Crédito: Tania Cunha (Planetário do Porto - Centro Ciência Viva)/Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)

Começou hoje a TASC8/KASC15, a mais importante conferência internacional na área da asterossismologia, que este ano é organizada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e decorre na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).


A asterossismologia é o estudo do interior das estrelas, através da sua atividade sísmica medida à superfície. Em sismologia, os diferentes modos de vibração de um tremor de Terra podem ser usados para estudar o interior da Terra, de forma a obter dados acerca da composição e profundidade das diversas camadas. De uma forma semelhante, as oscilações observadas à superfície de uma estrela também podem ser usadas para inferir dados sobre a estrutura interna e composição da estrela.


Os consórcios TASC (TESS Asteroseismic Science Consortium) e KASC (Kepler Asteroseismic Science Consortium) são duas colaborações científicas internacionais, que se formaram à volta das atividades de asterossismologia das missões espaciais TESS e Kepler, da NASA. Desde que a missão Kepler foi lançada, em 2009, que o consórcio KASC realiza anualmente esta conferência, com o TASC a juntar-se 7 anos depois, por altura do lançamento da missão TESS.

A asterossismologia desempenha um papel central na avaliação definitiva do estado evolutivo das estrelas do tipo solar e gigantes vermelhas em particular, mas também de estrelas das mais variadas massas e estados evolutivos, avaliação que dificilmente poderia ser feita com recurso a técnicas tradicionais.

Ao longo das duas últimas décadas, esta técnica teve um impacto significativo no estudo de estrelas do tipo solar e gigantes vermelhas. Inicialmente estes estudos foram possíveis graças a missões espaciais como a CoRoT (CNES/ESA) e a Kepler (NASA). O satélite TESS, e em breve a missão espacial PLATO (ESA), com lançamento previsto para 2026, nas quais o IA conta com um forte envolvimento a nível da coordenação científica, continuarão a sustentar estudos desta natureza.

O líder da equipa “Rumo a um estudo abrangente de estrelas” do IA e docente convidado no Dep. de Física e Astronomia (DFA) da FCUP,  Tiago Campante comenta: “A conferência internacional TASC8/KASC15 trará à cidade do Porto 200 peritos mundiais em astrofísica estelar, servindo de plataforma para a revisão e debate dos últimos avanços científicos na área da asterossismologia, ou o estudo das pulsações estelares”.

Na semana seguinte, os trabalhos continuam na Porto Summer School on Asteroseismology (PSSA) 2024, uma escola doutoral internacional sobre a mesma temática. Ao longo de 5 dias, cerca de 50 alunos estarão reunidos em Vila do Conde, juntamente com 13 docentes convidados de 9 países diferentes, para abordar tópicos na vanguarda da investigação em astrofísica estelar, especialmente em asterossismologia.


Ângela Santos (IA), da comissão científica da escola, comenta: “Estamos felizes por constatar que recebemos candidaturas de 23 países, de todos os continentes, com 38% de jovens mulheres investigadoras, uma percentagem bem acima da média mundial de 23% na representatividade em astrofísica”.

Esta escola oferece aos alunos uma oportunidade única para contactar com alguns dos maiores peritos na área e com pares do mundo inteiro, trocar boas práticas e estabelecer colaborações, para lá da sua área de investigação principal.

Tiago Campante acrescenta ainda que “a organização de ambos os eventos, a cargo de investigadores do IA, é o reflexo da sua liderança internacional na área e, por conseguinte, da do IA”.