Asteroide recebe nome de astrofísico português

Foto do asteroide Lutetia, obtida pela sonda Rosetta, da Agência Espacial Europeia (ESA), durante a maior aproximação ao asteroide, em julho de 2010. (Crédito: ESA 2010 MPS for OSIRIS Team MPS/UPD/LAM/IAA/RSSD/INTA/UPM/DASP/IDA)

O asteroide (40210) 1998 SL56 é agora designado (40210) Peixinho, nome do investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e da Universidade de Coimbra.

Nuno Peixinho, astrofísico da Universidade de Coimbra (UC) e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA1), tem agora um asteroide com o seu nome. A homenagem partiu do Grupo de Trabalho para a Nomenclatura de Pequenos Corpos (WGSBN2) da União Astronómica Internacional (IAU3). O asteroide, anteriormente designado por (40210) 1998 SL56, passou a designar-se (40210) Peixinho. 

Órbita do asteroide (40210) Peixinho. (Crédito: JPL Small-Body Database)

Descoberto a 16 de setembro de 1998, este asteroide de pouco mais de 10 km de diâmetro, pertence à cintura de asteroides e orbita o Sol a uma distância média 3 vezes superior à distância da Terra ao Sol, completando uma órbita em cerca de 5,3 anos. 

Para Peixinho, que trabalha na caracterização física e química de pequenos corpos4 do Sistema Solar, ter um asteroide com o seu nome “é uma sensação difícil de descrever. Evidentemente que me sinto infinitamente honrado por este reconhecimento do meu trabalho como astrofísico. Trabalho que nunca foi realizado sozinho, mas sempre integrado em equipas, e por isso a todos agradeço”. O investigador faz questão de agradecer a distinção não só à Universidade de Coimbra, que hoje o acolhe, como às universidades do Porto, Lisboa, Granada, Hawaii e Antofagasta, assim como ao Observatório de Paris, instituições por onde passou ao longo da sua carreira.

“Saber que há agora aí pelo Espaço um asteroide com o mesmo tamanho daquele que, presumivelmente, ao colidir com a Terra há 66 milhões de anos levou à extinção em massa do Cretáceo-Paleogeno, onde se incluem os famosos dinossauros… deixa-me sem palavras”
Nuno Peixinho

O (40210) Peixinho é o tipo de asteroide que, se viesse em direção à Terra, poderia causar um evento de extinção em massa. Devido ao potencial perigo, o investigador do polo da Universidade de Coimbra do IA foi “logo verificar qual era a sua órbita para ver se era um asteroide classificado como potencialmente perigoso. Não é! Daqui a cem milhões de anos ainda deve andar mais ou menos pelo mesmo sítio, mas não sei se conseguirei convencer o meu avô disso”. 

A atribuição do nome a um destes corpos passa por um longo processo.  Inicialmente recebe uma designação provisória de acordo com uma fórmula bem definida que envolve o ano da descoberta, duas letras e, se necessário, outros algarismos (por exemplo, 1989 AC ou 2002 LM60). Quando a sua órbita se encontra suficientemente bem determinada, o corpo recebe uma designação permanente, que consiste em acrescentar um número à designação provisória, emitido sequencialmente pelo “Minor Planet Center”  — por exemplo (341), ou (40210).

O seu descobridor é depois convidado a sugerir um nome, tendo esse privilégio por um período de dez anos após a numeração do objeto. Todos os nomes propostos são avaliados pelo Grupo de Trabalho para Nomenclatura de Pequenos Corpos. Existem pouco mais de um milhão de pequenos corpos do Sistema Solar catalogados, cerca de meio milhão já têm designação permanente, mas só 22.505 têm nome.

A lista dos cientistas agora galardoados pela IAU está disponível aqui

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Notas

  1. O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) é a instituição de referência na área em Portugal, integrando investigadores da Universidade de Lisboa, Universidade de Coimbra e Universidade do Porto, e englobando a maioria da produção científica nacional na área. Foi avaliado como “Excelente” na última avaliação de unidades de investigação e desenvolvimento organizada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). A atividade do IA é financiada por fundos nacionais e internacionais, incluindo pela FCT/MCES (UIDB/04434/2020 e UIDP/04434/2020).
  2. O Grupo de Trabalho para a Nomenclatura de Pequenos Corpos (Work Group for Small Body Nomenclature   WGSBN) é responsável pela atribuição dos nomes de todos os pequenos corpos do Sistema Solar (exceto luas).
  3. A União Astronómica Internacional (IAU/UAI) foi fundada em 1919, tendo como missão promover e defender a astronomia em todos os seus aspetos, incluindo a investigação, a comunicação, a educação e o desenvolvimento, através da cooperação internacional. Composta principalmente por astrónomos profissionais de todo o mundo, a IAU está estruturada em divisões, comissões e grupos de trabalho. Atualmente, conta com mais de 12 mil membros oriundos de mais de 90 países.
  4. Pequenos corpos do Sistema Solar é a designação genérica para asteroides, corpos gelados (como cometas e objetos transneptunianos) e satélites destes. Luas de planetas e planetas anões não estão incluídos nesta classificação.

Contactos
Nuno Peixinho

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 Ricardo Cardoso Reis; Sérgio Pereira; Filipe Pires (coordenação, Porto); João Retrê (coordenação, Lisboa)

Divisão de Comunicação da UC
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