De Vénus para outros mundos

Imagem sintética em cores falsas de Vénus, construída a partir de imagens obtidas pela câmara de ultravioletas da sonda Akatsuki, a UVI, a 11 de agosto de 2017. Créditos: JAXA e equipa do projeto PLANET-C

Precisão inédita na medição dos ventos de Vénus recorreu a um instrumento utilizado no estudo de exoplanetas, num trabalho liderado por investigadores do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).

O planeta Vénus roda vagarosamente. Só ao fim de 243 dias terrestres terá dado uma volta completa sobre si próprio. A atmosfera, porém, rodopia a outro compasso.

A cada quatro dias dá uma volta ao planeta, varrendo-o com ventos constantes que rondam os 400 quilómetros por hora, a velocidade de um furacão de categoria máxima.

Prossegue a procura de uma causa para o que originou e mantém esta discrepância entre a languidez do globo sólido e o furor do seu envelope atmosférico. Novas medições com uma precisão sem precedentes das velocidades dos ventos a cerca de 70 quilómetros da superfície foram agora divulgadas.

O estudo, publicado na revista Icarus, foi liderado por Ruben Gonçalves, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).

Este estudo apresenta o levantamento até agora mais completo e preciso do vento que se desloca do equador para os polos de Vénus, o chamado vento meridional1. “Este trabalho dá continuidade a estudos anteriores, em que observações espaciais e observações realizadas a partir da Terra são feitas em simultâneo”, diz Ruben Gonçalves. “São utilizadas duas técnicas diferentes mas complementares, para melhor compreender a circulação atmosférica de Vénus.”

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Conheça mais sobre este trabalho e a sua ligação ao estudo das atmosferas de planetas que orbitam outras estrelas, no programa áudio com comentários de Ruben Gonçalves.


Notas:

  1. O vento meridional é uma componente de vento perpendicular ao equador, e que transporta energia do equador para os polos. Este vento é concordante com uma circulação atmosférica que encontramos na Terra, a chamada célula de Hadley: uma ascensão de ar quente na região do equador fluindo rumo a latitudes médias, onde desce de novo para mais perto da superfície antes de regressar ao equador.