Hoje não há estrelas no céu. Está escuro. No imenso desconhecido que nos rodeia, uma personagem aparece e esconde-se, corre e rodopia. Habita a imensa cúpula do Planetário do Porto, num movimento improvável, projetada lá no alto, acima das cabeças do público e envolvendo toda a sala. Trata-se de Histórias de Além Terra, uma peça de videodança, criada e interpretada por Leonor Keil, no âmbito do Projeto Germinal, da companhia Cão Danado.
Neste trepar de paredes, a bailarina e coreógrafa pegou num texto de Regina Guimarães como fio condutor e fez do Universo o seu palco. “É uma imensidão de espaço a preencher, mas é inevitável desejar mergulhar ali.” Leonor Keil olha para este projeto como “um percurso de experimentação, de descoberta e de risco”, pode ler-se na apresentação.
O desafio, que desde logo atraiu Leonor, foi lançado por Paulo Pereira, designer do Planetário do Porto e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, com o objetivo de abrir a sala a outras dimensões criativas, com concertos e filmes. “Procuro fazer a ponte com os artistas, criar uma interação, com imagem e som, para depois partilhar aqui”, frisa Paulo Pereira.
O solo de Leonor Keil revelou-se “uma aprendizagem sobre o que se pode fazer com o movimento”. Segundo Sara Barbosa, da Cão Danado, este trabalho “é apenas o começo para criar novas pontes” entre a companhia e a cidade do Porto, o Planetário e outros artistas. Com uma abordagem exploratória que permitiu trabalhar atrás da cúpula, com luz, este espetáculo tem direção musical de Rodrigo Amado e envolveu o videodesigner Stephan Jurgens e o produtor Roger Oliveira. Uma projeção para lá da Terra, com Leonor Keil a dançar de pernas para o ar.
Histórias de Além Terra > Planetário do Porto – Centro de Ciência Viva > R. das Estrelas, Porto > T. 22 609 9800 > até 17 fev, ter, qui, sáb-dom 17h30 > grátis