Pode dizer-se que Catarina Lobo, 49 anos, tem uma “profissão de homem”: é astrónoma. Na sua turma de licenciatura em Física havia quatro raparigas para vinte rapazes. Hoje, nas turmas que apanha na Universidade do Porto, a diferença proporcional não é assim tão grande. Mas ainda se nota. “Na astronomia há poucas mulheres”, acaba por comentar, a propósito da comemoração do Dia das Mulheres e Raparigas na Astronomia, que se celebra a 11 de fevereiro.
Desde 2015 que este dia está consagrado pelas Nações Unidas ao estímulo à participação de mulheres em carreiras tradicionalmente escolhidas por rapazes, como a Engenharia, a Matemática e a Física (às áreas ditas STEM, da sigla em ingês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Este ano, por coincidir com o centésimo aniversário da União Astronómica Internacional o foco será na Astronomia. “Ainda há um certo preconceito. É preciso lembrar que esta também é uma opção válida para as meninas”, sublinha Catarina Leote, do Instituto de Astrofísica, que está a organizar um evento de divulgação, no Porto.
Catarina Lobo, juntamente com Gabriella Gilli e Sandra Reis, irão fazer um webinar, onde toda gente pode participar, enviando perguntas. Este domingo, no Planetário do Porto também haverá uma conferência, feita pelas jovens investigadoras, Elisa Delgado-Mena, Susana Barros, Andressa Ferreira e Ana Catarina Leite.
Atualmente menos de trinta por cento dos investigadores, em todo o mundo, são mulheres, sendo que na área das tecnologias e comunicações só 3% dos profissionais são do sexo feminino, de acordo com as Nações Unidas.
Curiosamente, Catarina Lobo, que se dedica ao estudo das galáxias, frequentou um curso criado e coordenado por uma mulher, Teresa Lago. Já a pessoa que a inspirou a querer descobrir os mistérios do Espaço foi um homem. Carl Sagan, o grande divulgador de Ciência americano, que inspirou milhares de jovens a seguir carreira na Ciência. “Estava indecisa entre Biologia e Astronomia, mas fascinava-me o quanto o Carl Sagan sabia sobre tanta coisa”.